Resenha: Desgrávida - Jenni Hendriks & Ted Caplan

Sinopse - Escolha era apenas o começo de uma jornada. Veronica Clarke nunca foi reprovada num teste e nunca desejou isso. Até agora... Aluna exemplar, aos 17 anos, ela parece ter uma vida perfeita: um namorado apaixonado, pais que se orgulham dela e uma vaga na universidade dos seus sonhos. Mas, pela primeira vez, um resultado de positivo não lhe parece algo bom. Ao fazer um teste de gravidez, Veronica se descobre grávida e fica em pânico ao ver seus planos de futuro irem por água abaixo. Desesperada, ela decide realizar um aborto. Com medo de enfrentar julgamentos, Veronica encontra uma aliada improvável... a rebelde Bailey Butler, sua ex-melhor amiga, é a única com quem ela pode contar. Para tentar realizar o procedimento, as duas partem em uma viagem de mais de três mil quilômetros, em meio a loucuras, risadas, cumplicidade e discussões que reabrem cicatrizes que precisam arder antes de, talvez, serem curadas. Talvez um teste positivo seja o menor dos problemas. Talvez o percurso seja mais importante. Talvez aprender a rir da vida e não levar tudo a sério seja um caminho. Será?
"Desgrávida" é narrado em primeira pessoa pela protagonista Veronica Clarke, a Ronnie. A história se passa na pequena cidade de Columbia, no Missouri e vai acompanhar a protagonista durante sua trajetória até uma clínica de aborto, que fica a mais de 1600 quilômetros de distância.


Ronnie é a aluna perfeita aos 17 anos de idade. Tira notas altas, vai para a Universidade Brown no próximo outono, é popular e tem um namorado que arranca suspiros de suas amigas, o Kevin. Em casa, é vista pelos pais também como perfeita, pois é sempre educada, segue as regras e diferentemente da irmã mais velha, tem planos para o futuro que não incluem crianças antes do tempo.

Pode-se dizer que a protagonista não tem problemas em sua vida, até que um dia descobre que está grávida, apesar de todas as precauções que tomou. A ideia de ter uma criança aos 17 anos é inconcebível para Ronnie, que logo decide realizar um aborto. Mas o problema é que no Missouri ela não pode realizar o procedimento sem autorização dos pais. Então, para manter tudo em segredo, ela precisa viajar até Albuquerque, no Novo México, local mais próximo que pode realizar o procedimento sem precisar da autorização.

Mas como Ronnie poderá viajar toda essa distância sozinha sem ao menos ter um carro? A verdade é que ela não pode, e irá contar com a acompanhante mais improvável de todos os tempos, Bailey Butler, uma pária social na escola.

Aparentemente Ronnie e Bailey não possuem nada em comum, mas se conhecem a anos. E durante essa viagem, tanto Ronnie quanto Bailey trilham uma jornada de autodescobrimento repleta de bom humor, confusões e momentos reflexivos. Uma viagem que irá marcas as duas de forma definitiva.

Ronnie é uma protagonista de personalidade tranquila, que faz de tudo para agradar a todos e que se preocupa muito com o que os outros pensam. Inicialmente temos a impressão de que no geral, ela é um pouco superficial, mas durante o desenvolver do livro, vemos que toda essa superficialidade é proveniente da inexperiência, já que a protagonista nunca teve uma situação pessoal séria ou difícil antes.

Bailey por sua vez emana uma energia nervosa, raivosa e passa a impressão de ser uma valentona, quando na verdade esconde a mais profunda das dores: a do abandono. Ela é engraçada, inteligente, nerd e até mesmo corajosa, mas tais características vão florescendo conforme a história avança.

O humor do livro não está em explorar um tema tão delicado como o aborto, mas sim no percurso dessas duas personagens tão diferentes. Temos ainda Kevin, o namorado de Ronnie, que atua como uma sombra nas decisões da protagonista.

Apesar do tema sensível, a leitura é leve, rápida e arranca risadas do leitor. A perspectiva de Ronnie sobre a vida, seus sonhos e futuro possibilita uma discussão interessante, pois culmina na decisão que a protagonista toma sobre a sua gravidez.

A Faro Editorial caprichou na edição e trouxe uma diagramação divertida e cheia de detalhes, como o título dos capítulos, que são nomeados de acordo com os quilômetros percorridos.
"Quis perguntar por que não. Perguntar o que tinha acontecido. Mas não perguntei, porque, se eu tivesse sido uma amiga melhor, não precisaria. Mas não fui uma amiga melhor. Só tinha me preocupado comigo mesma. E, depois de todos aqueles anos sem perguntar, sem estar presente, havia, naquele momento, um abismo entre nós que eu não era capaz de atravessar." (p. 130)

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