Resenha: Uma ponte para Istambul - Maria Filomena Bouissou Lepecki

 

Sinopse - Arzu é uma jovem professora de História do Brasil, que viaja para Istambul à procura de suas origens. Ao confrontar sua metade turca em um palácio Otomano do século XIX, experimenta uma aventura insólita que a transporta no tempo. Uma adaptação difícil e a sobrevivência exigem toda a sua atenção, porém são os mistérios arqueológicos e os objetos impossíveis descobertos que a instigam, levando a uma conclusão inesperada: a busca individual por raízes, deveria ser a indagação coletiva de toda a humanidade.Uma ponte para Istambul é também uma ponte entre o Ocidente e o Oriente, passado e presente, verdade e imaginação.
“Uma ponte para Istambul” é uma complexa história sobre autoconhecimento, da compreensão profunda de uma mulher sobre a sua essência. Durante a leitura, iremos observar várias situações em que a dualidade é trabalhada.

Catarina Arzu é uma mulher na faixa dos trinta anos de idade, que tem um ótimo emprego e uma rotina tranquila. Porém, ela sempre se sentiu deslocada. Em casa, sua família é formada por duas culturas completamente diferentes: seu lado paterno, de origem turca e do lado materno, europeu. Catarina se vê dividida entre agradar os dois lados, além do pai, que abraçou a cultura brasileira e de certa forma, traz uma cultura própria por conta da sua profissão.

A protagonista também se vê como fora do padrão: solteira, sem filhos e comprometida com o trabalho. Então, nas suas férias, Catarina decide ir para Istambul, conhecer pessoalmente os locais que sua avó descreve nas histórias, conhecer a cultura da sua família de perto e mergulhar na história de um povo que significa tanto para Catarina.

Conforme a sinopse explica, durante essa viagem, Catarina é transportada para outra época, e se encontra na época do sultão Abdulaziz (cujo reinado durou entre 1861 - 1876). É um choque de realidade. Catarina, que agora atende pelo sobrenome Arzu, se vê em um harem, no papel de uma serva. Logo, ela percebe que não tem direitos, voz ou forma de escapar.
“... o ano devia ser 1869. O ano da inauguração do Canal de Suez.”
Mas, como uma das melhores características do ser humano é a resiliência, Arzu vai se adaptando (com muitos tropeços) e aprendendo a usar o seu conhecimento de história a seu favor.
“Enquanto as esposas competiam para aumentar sua influência política e conferir poder a seus filhos, as concubinas lutavam entre si para adquirir privilégios: um quarto separado, uma soma em dinheiro mensal, servos, um eunuco particular, aposentos maiores, sedas e joias. ”
O livro tem três camadas que combinadas, tornam a obra marcante: a jornada de Arzu, seu autoconhecimento e altos e baixos; as descrições dos ambientes e demais personagens e a história, que vai sendo utilizada como um norteador das decisões de Arzu.

É impressionante como a autora Maria Filomena Bouissou Lepecki conseguiu construir um enredo tão rico em detalhes e ao mesmo tempo mesclar culturas tão diferentes e vibrantes (cada uma a sua maneira). Para ser sincera, não consegui absorver tudo na primeira leitura e precisei reler para apreciar alguns detalhes e encaixá-los em uma linha do tempo na minha mente (como a presença de Dom Pedro II).

Não é uma leitura que possui momentos de ação, e sim de delicadeza. É uma construção de eventos que leva o leitor a apreciar culturas, sorrir ao ver a brasilidade surgir, sejam na lembrança do carnaval ou em uma comida típica...

“Uma ponte para Istambul” é uma colcha de retalhos, com cheiros, cores e sabores que permeiam a mente do leitor, que consegue finalizar a obra com um sorriso no rosto.
“Sua casa é onde você a constrói, Arzu.”
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