Resenha: A procura de Theo - Teresa Guimarães

 
Sinopse - O romance A Procura de Theo usa uma técnica antiga, o romance epistolar. Só que o texto inclui também as novas tecnologias: os e-mails, mensagens de Facebook e WhatsApp. Os dramas, as subjetividades, os preconceitos e a personalidade de cada personagem são revelados à medida em que as cartas e mensagens são lidas, o que faz o leitor se sentir um voyeur e participar ativamente do desenrolar da trama. Elas são endereçadas e remetidas de várias partes do mundo retratando nossa sociedade globalizada. A história gira em torno da protagonista Theodora, uma parapsicóloga que sofre de Transtorno de Déficit de Atenção e que busca incessantemente seu lugar no mundo. Vítima dos arreveses do destino, ela passa a vida em busca de realização na espiritualidade, mas curiosamente acaba encontrando plenitude nas coisas simples do dia a dia e no mundo terreno.
“A procura de Theo” é um romance epistolar escrito pela autora Teresa Guimarães. Para aqueles não familiarizados com o termo, “epistolar” vem do latim e significa relativo a cartas. Ou seja, todo enredo é construído a partir de comunicações como cartas, cartões postais e meios tecnológicos como e-mails e redes sociais. O interessante de se construir um enredo dessa forma, é que ele não precisa ser linear, ou ter uma “lógica” ao ser desenvolvido. Cada carta permite que um pedacinho da história seja desvendado, porém, nem sempre a resposta é imediata, o que torna a obra intrigante e faz com que o leitor fique curioso para desvendar os mistérios ao redor da história de Theo.

Mas esse não é o único ponto de destaque da obra: apesar da obra focar em Theo, ela é uma representação das mulheres de sua família, uma mescla das dores e alegrias que todas sofreram. Theo é uma colcha de retalhos, que está em busca de sua própria identidade ao mesmo tempo em que ela e nós, leitores, desvendamos as histórias de sua mãe e suas avós, mulheres que, cada uma a sua maneira, tiveram que se redescobrir em algum momento de suas vidas...
“Se Deus existe, acho que ele se encontra nos gestos amáveis das pessoas.” (p. 116)
Theodora, ou Theo, é uma mulher que sempre se sentiu deslocada, até mesmo dentro de sua família. Não conseguia se conectar com os primos e familiares na infância, sua mãe sempre cismando que ela era “estranha” e essa ausência da sensação de pertencimento combinada com outras situações que vão acontecendo conforme Theo envelhece, tornam a protagonista uma mulher adulta indecisa, quase que uma nômade, sempre buscando algo que não consegue alcançar. Advinda de uma família abastada, pode-se dizer que a protagonista pode fazer essa busca sem grandes preocupações, mas isso só demonstra o quão vazia Theo se sentiu por toda a sua vida.
Theo, a estudiosa de parapsicologia, Theo, a filantropa. Theo, a boa menina. Como você pode ser tão generosa e cruel ao mesmo tempo?” (p. 277)
Em paralelo, a autora vai construindo todo o cenário familiar da protagonista, voltando ao passado e demonstrando que as mulheres que rodeiam Theo sofreram, mas que algumas cresceram com isso, enquanto outras se apegaram a dor e não seguiram em frente. Não só a sua família direta, mas pessoas próximas, como a Cleide, uma mulher que teve a vida sofrida, mas não desistiu do sonho de reencontrar uma pessoa amada.

É uma obra atemporal que retrata as mulheres, de diferentes classes sociais, etnias ou culturas, pois reforça a resiliência feminina, a força interior que possuímos ao caminhar e cuidar dos outros mesmo quando estamos sofrendo em silêncio. É impossível realizar a leitura e de alguma forma não se identificar com os sentimentos e ações dessas personagens.

Trata-se de uma história da dor humana, da perda, do crescimento pessoal e da força que muitas vezes nem sabemos que possuímos.
“Todos somos assim, todos temos um lado sombrio e um iluminado.” (p. 277)

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