Resenha: Todas as boas pessoas daqui - Ashley Flowers

 

Sinopse - Todos naquela cidade se lembram do infame caso de January, a menininha que foi encontrada morta horas depois ao seu desaparecimento. Margot tinha seis anos na época, a mesma idade de January – elas eram amigas e vizinhas. Vinte anos depois, Margot amadureceu, formou-se em jornalismo, mudou-se para outro estado, mas sempre viveu assombrada por aquele crime, e com a ideia de que poderia ter sido ela a escolhida pelo assassino... que nunca foi encontrado. Quando retorna à cidade para cuidar de seu tio, Margot sente como se tivesse entrado em uma cápsula do tempo: tudo se parece exatamente como se lembrava - um lugar habitado por pessoas reprimidas e reservadas. Até que outro caso acontece. Natalie Clark, de cinco anos, desaparece em circunstâncias quase idênticas às da menina da sua infância. Com todos os sentimentos de pavor voltando, Margot se vê sem saída. Ou surta ou age. Ela decide, então, investigar o que aconteceu com Natalie e também com sua amiga na infância. Mas a polícia, as famílias e os habitantes da cidade não parecem muito dispostos a ver alguém revirar o passado. À medida que Margot se aprofunda no desaparecimento de Natalie, ela começa a suspeitar de que há algo verdadeiramente sinistro naquela comunidade: uma espécie de pacto de segredos que pode destruir a vida de muita gente. O assassino de January pode ser a mesma pessoa que levou Natalie? E qual será o risco que ela corre ao tentar descobrir o que realmente aconteceu naquela noite vinte anos atrás? Arrepiante e intenso, Todas as boas pessoas daqui é uma história intrigante, que propõe aos leitores a seguinte pergunta: do que seus vizinhos são capazes de fazer atrás de portas fechadas?

 

Desde o instante em que li a sinopse, minhas expectativas foram elevadas. Não sabia o que esperar do enredo, mas sabia que eu queria ficar de boca aberta ao chegar à última página. Então, é com imensa alegria que posso confessar que foi exatamente assim que me senti.

A sinopse é bem detalhada: Margot morava em Wakarusa, em Indiana quando era garotinha e sua vizinha, que tinha a mesma idade, January, um dia desaparece e pouco tempo depois, encontram o seu corpo. O impacto que essa tragédia tem em Margot não diminuiu com o passar do tempo, e ela pensou que uma vez que saísse daquela cidade, nunca mais iria retornar...

Porém, quando a saúde do seu tio Luke começa a deteriorar, Margot percebe que terá que enfrentar seus maiores medos...

Para vocês terem uma ideia da ambientação, imaginem o seguinte: uma cidade pequena, onde as pessoas se arrumam para ir à Igreja e escutar as novidades (conhecidas como fofocas, que muitas vezes não tem fundamento) e durante a semana frequentam o bar local, onde o passatempo é espalhar o mais rápido possível o que acontece em Wakarusa. É uma cidade onde todo mundo se conhece e sabe de tudo que acontece.

Os capítulos alternam em dois períodos: 1994 e 2019. Em 1994, a história é contada pela perspectiva de Krissy Jacobs, a mãe de January.

Krissy era uma garota local, que tinha grandes sonhos e que era vista como um pouco “rebelde” para os padrões. Sempre gostou muito de dançar, mas engravidou logo após o colégio de Billy, primogênito de uma das famílias mais abastadas, se não a mais abastada da cidade. Então, vocês podem imaginar como as pessoas falavam dela em Wakarusa. Ainda mais porque January era uma garotinha que brilhava como ela, e que participava de concursos de dança. Quando January faleceu, a cidade criou um burburinho tão grande e acabou acusando Krissy do crime, mas o assassino nunca foi levado à justiça.

A grande parte dos capítulos de 1994 vão apresentando o cotidiano da Krissy, o desaparecimento de January, a investigação e os acontecimentos que se desenrolaram a partir daí. É uma narrativa com um nível de angústia perceptível, mas que também deixa exposto eventos impactantes, que podem ser a chave para identificar o culpado.

O caso foi investigado pelos detetives Rhonda Lacks e Townsend, que começam a destrinchar a dinâmica familiar dos Jacobs e quanto eles mais se aprofundam, mas percebem que o papel de “boa família cristã” pode estar ocultando algo.

Em 2019, vemos Margot uma jovem que está se afogando para tentar equilibrar os cuidados do tio com o trabalho de jornalista policial. Apesar de talentosa, suas publicações vêm sofrendo porque sua mente está constantemente pensando em seu tio Luke, que praticamente a criou como filha. A única opção é voltar para Wakarusa e fazer o melhor possível.

Acontece que nem deu tempo da Margot desfazer as malas e um crime acontece em uma cidade bem próxima. Natalie Clark, uma garotinha de apenas 5 anos de idade, desaparece.

Imediatamente, Margot tem certeza de que há uma conexão entre os dois casos, apesar de que mais ninguém acredita nisso e ela começa a mergulhar em uma investigação que pode colocar em risco tudo aquilo que Margot conhece como certo.

Margot é uma protagonista inteligente, mas também repleta de imperfeições. A sua caracterização foi muito bem-feita, porque durante a leitura dá para sentir as dificuldades que ela tem em encontrar um equilíbrio em sua vida, mas também que a morte de January a impactou mais do que ela mesmo acredita.

Outros personagens vão inserindo seus próprios dramas e dilemas durante toda a história, como o tio Luke, que com apenas 50 anos de idade está percebendo que a sua realidade está mudando constantemente ou Jace, o irmão gêmeo da January, que também teve a vida alterada com a morte da garotinha.

O que me surpreendeu bastante durante a leitura é que vários segredos vão sendo inseridos, capítulo após capítulo e mesmo assim, a leitura não se torna arrastada ou com muitos detalhes, tudo se encaixa perfeitamente.

Confesso que os últimos capítulos trouxeram as revelações mais chocantes da história e me deixaram com um nó no estômago. Esse é o primeiro texto que leio da autora Ashley Flowers (que produz podcasts de crimes reais), e com certeza estarei acompanhando e aguardando futuras publicações. 

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