Resenha: Alerta de Tempestadee - Doggerland #2 - Maria Adolfsson

 
Sinopse - É noite de Natal quando a detetive Karen Hornby recebe uma ligação da Polícia Nacional de Doggerland, próximo a Noruega. Ao norte do arquipélago, o corpo de um idoso foi encontrado próximo à antiga pedreira da região, e o que parece ser um acidente à primeira vista logo se torna a cena de um assassinato. Embora esteja afastada por licença médica devido ao ferimento sofrido em seu último caso, Karen aceita liderar a investigação para escapar das celebrações de fim de ano ao lado da família. Enquanto tenta cooperar com a polícia local para achar o culpado, outro crime acontece na véspera de Ano-Novo, porém o que mais perturba a detetive é a possibilidade deste segundo caso não estar apenas relacionado à destilaria de uísque onde encontraram a vítima, mas também aos seus próprios familiares que moram na ilha. Dividida entre cumprir seu papel como policial e enfrentar seus fantasmas, Karen precisa mergulhar fundo em seu passado para desvendar quem é o assassino e resolver este mistério que irá mudar sua vida de uma vez por todas. Uma trama cheia de camadas, criada por uma das autoras mais celebradas hoje nos países nórdicos. ALERTA DE TEMPESTADE é o segundo livro da série best-seller internacional com a detetive Karen Eiken Hornby. Desta vez, a autora nos leva à paisagem gélida da ilha Noorö com detalhes que tornam as ruas de Doggerland ainda mais vivas. PISTAS SUBMERSAS, o primeiro livro da série, também foi publicado pela Faro Editorial. Amazon

“Alerta de tempestade” é o segundo livro da série “Doggerland” e tem como protagonista a detetive Karen Hornby. Como uma boa trama policial, a protagonista dessa obra vive um conflito pessoal, que a torna introspectiva, um pouco irritadiça e sem muita vontade de se conectar com as outras pessoas.

“Ela sente como se estivesse sendo rasgada ao meio, sua reação instintiva é continuar mentindo. Ninguém tem que saber, ninguém do trabalho, apenas seus amigos mais próximos. “ (p. 158)

Conforme a sinopse explica, estamos no meio da época das comemorações de final de ano, e Karen, ainda se recuperando dos acontecimentos de “Pistas Submersas” está afastada do trabalho e com a família praticamente morando em sua casa. Para uma pessoa social, isso não seria um grande problema, mas para Karen, a sensação de sufocamento só aumenta dia após dia. Então, quando Jounas Smeed, o chefe do Departamento de Investigação Criminal da Polícia Nacional de Doggerland liga para ela, Karen não hesita em aceitar o caso.

Um professor idoso é encontrado morto em uma antiga pedreira lá na região de Noorö, um povoado pequeno e isolado. O que inicialmente parece ser um infeliz acidente, logo passa a se mostrar uma situação repleta de antigos segredos e todos logo se tornam suspeitos.

Como se isso não bastasse, Karen precisa enfrentar uma parte do seu próprio passado: a família do seu pai mora em Noorö e suas raízes também são profundas. Por conta disso, a protagonista terá que avaliar em quem realmente pode confiar e se, ao investigar esse caso, não estará pondo em risco sua própria carreira.

“Karen Eiken Hornby sabia exatamente o que estava fazendo naquele dia há quase duas semanas quando fez a chamada que lhe custaria mais do que seu trabalho se a pessoa do outro lado falhasse. Agora ele está ligando de volta.” (p. 251)

Além do cenário investigativo, temos também a questão dos relacionamentos e amizades da protagonista. Karen, que não é muito aberta a amizades, acabou criando um estranho vínculo com Sigrid, a filha de Jounas e Leo Friis, um andarilho que foi apresentado no livro anterior. Temos também uma grande amiga da protagonista que pode estar correndo grande perigo...

Sigrid e Leo acabam formando um inusitado núcleo familiar para Karen. Mesmo não querendo admitir, a presença deles em sua vida traz um alívio a intensa solidão que a protagonista sofre. Karen tem uma personalidade que as vezes tende para o lado de mártir. Vemos que ela se pune constantemente pelo passado e se recusa a procurar a felicidade ou a se perdoar. É doloroso ver alguém com tanto potencial se auto-sabotando.

“Somente quando abre o nécessaire que Sigrid arrumou, espreme um pouco de pasta de dente e olha seu rosto no espelho é que as lágrimas vêm.” (p. 146)

Um dos destaques da obra é a ambientação. Todo esse frio e isolamento criam uma atmosfera sombria, propícia para uma história policial. Tudo parece mais perigoso quando colocado nesse cenário.

A construção dos personagens também é muito boa. Todos são imperfeitos, os personagens estão tentando compreender a vida, realizando erros e acertos. Existem explosões de temperamento, palavras que não deveriam ter sido ditas, mas também momentos de perdão e recomeços. É a constante da vida: tudo está sempre mudando.

Destaque também para o trabalho editorial da Faro. O cuidado na escolha da capa, a revisão, detalhes da contracapa, escolha da fonte. É um trabalho de primeira, que acrescenta muito valor ao livro. 




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