Sinopse - “Uma emocionante história carregada de mistérios inspirada na vida de gêmeas médiuns do século XIX” As irmãs Bond sabem a verdade sobre a morte. As gêmeas de dezessete anos são médiuns poderosas assim como a mãe. Violet tem o poder de servir de ponte para espíritos e Edie pode atravessar as fronteiras do mundo espiritual. Só que essas habilidades não puderam salvá-las quando a mãe morreu e o pai, assustado com esses poderes, ameaçou interná-las. Após fugirem de casa, Edie e Violet passam a integrar um show de talentos e todas as noites realizam contatos com o além. Porém, certa noite a apresentação foge do controle e Edie descobre que o espírito responsável pela morte da mãe cruzou a terra dos vivos. Enquanto tentam encontrar uma forma de neutralizar o espírito assassino, elas percebem que alguém está matando médiuns e, pior, podem ser as próximas vítimas. 

Violet e Edie são jovens que estão conectadas com o sobrenatural, algo que herdaram de sua mãe. Quando a mãe estava viva, as gêmeas eram felizes e despreocupadas em sua casa com seus pais, mas quando ela veio a falecer de forma abrupta e por algo conectado com o desconhecido, o pai das garotas não aceita as habilidades das filhas e só resta a elas uma opção: fugir.

Para dar uma contextualizada, vale ressaltar que a história se passa no século XIX, conforme mencionado na sinopse, e o papel da mulher era muito diferente do atual. Dessa forma, para se protegerem, as garotas ingressaram em um show de talentos sobrenaturais itinerante.

Edie é a mais responsável da dupla, provavelmente por carregar uma grande culpa em relação à morte da mãe e o peso do segredo que esconde da Violet. Seus verdadeiros sorrisos são raros, mas ela se apoia na conexão que tem com a irmã para se manter seguindo em frente. Violet tem uma personalidade mais receptiva, sociável e enxerga inúmeras possibilidades na vida. Mas, infelizmente, o desconhecido chega novamente na porta das gêmeas, e talvez, dessa vez, elas não tenham escolha a não ser arriscar a própria vida...

Não vou entrar em muitos detalhes sobre os crimes cometidos para não soltar spoilers, mas pela sinopse fica claro que alguém está matando pessoas com habilidades únicas. Dá para perceber que Edie e Violet acabaram no centro dessa loucura, não é?

“Os passos mudaram de direção, afastando-se da carrocinha. Houve um som de chave girando em uma tranca. E então o rangido de metal raspando no cascalho. ” (p. 152)

Mas se engana quem acredita que esse é o único foco da obra. A autora Amanda Glaze trabalhou de forma elaborada e inteligente a temática do papel da mulher na época. Não é uma abordagem política ou religiosa, apenas uma discussão de quão pouco valorizada era a mulher na época e como sua vida era frágil, pois não era ela quem tinha controle sob o seu destino, e sim homens que, em algumas vezes, eram capazes de atos horríveis.

Existem muitos outros personagens que se destacam na história, mas vou dar uma atenção especial ao Laws, um jovem que tem a mente além do seu tempo, que demonstrou várias vezes que valoriza as mulheres ao seu redor e que quer, genuinamente, fazer do mundo um lugar melhor.

Eu achei a história extremamente criativa com a motivação do assassino e suas justificativas e também achei que a autora soube equilibrar muito bem a temática sobrenatural com o protagonismo das gêmeas, focando em seus sentimentos, pensamentos e sonhos, tornando assim a leitura fluida e os personagens cativantes.

“Confirmando com a cabeça, Edie se virou em direção à porta e tentou ignorar a nova onda de culpa que sentiu. Ela já havia ocultado da irmã a verdade sobre a morte da mãe e nesse instante estava acrescentando outra mentira à lista”. (p. 94)