Resenha A História do Futuro de Glory O’Brien - A.S. King


Sinopse - O fim do ensino médio é uma época de possibilidades infinitas – mas não para Glory O’Brien, uma jovem norte-americana que não tem nenhum plano para o futuro. Sua mãe cometeu suicídio quando Glory tinha apenas 4 anos, e ela nunca parou de se perguntar se seguiria o mesmo caminho… Até que numa noite transformadora ela começa a experimentar um novo e surpreendente poder que lhe permite enxergar o passado e o futuro das pessoas. De antepassados a muitas gerações futuras, a jovem é bombardeada com visões – e o que ela vê pela frente é aterrorizante: um novo líder tirânico toma o poder e levanta um exército. Os direitos das mulheres desaparecem. Uma violenta segunda guerra civil explode. Jovens garotas somem diariamente, vendidas ou confinadas em campos de concentração. Sem saber o que fazer, Glory decide registrar todas as suas visões, na esperança de que a sua História do Futuro sirva de alerta e evite o que vem por aí. Mas será que as pessoas vão acreditar nela? Será que estarão dispostas a fazer o que é necessário para impedir a concretização daquele destino medonho? Nesta obra-prima sobre feminismo, liberdade e escolhas, A. S. King mais uma vez nos brinda com seu realismo fantástico para contar a história de uma garota que tenta lidar com uma perda devastadora.

"A história do futuro de Glory O'Brien" é uma linda história sobre auto-descobrimento e empoderamento. A trama é dividida em Prólogo, Livro I - A origem de tudo, Livro II - A Consequência do Morcego e Livro III - A Estrada para lugar nenhum.
O livro é narrado em primeira pessoa por Glory O'Brien, uma garota de 17 anos de idade prestes a se formar no ensino médio, mas que no momento encontra-se sem perspectivas para o futuro.
"A escola segue a mesma lógica que todo o resto. Você a frequenta porque te mandaram frequentar quando era pequena o bastante para dar ouvidos. Continua porque alguém te disse que era importante. Como se você fosse um trem em um túnel. E a formatura é aluz no fim do túnel." (p. 10)
A mãe de Glory era uma fotógrafa talentosa que há doze anos atrás enfiou a cabeça no forno e cometeu suicídio. Depois disso, seu pai, um artista proeminente vive praticamente isolado dentro de casa, trabalhando através do computador e engordando ano após ano. 
"Eu não gostava do mundo real, mas gostava de ficar por dentro dele. Darla O'Brien também não gostava do mundo real, então ela enfiou a cabeça no forno. Meu pai amava o mundo real. Ele consumia tudo. Literalmente. Ele pesava 108 kg agora. O que não seria um peso ruim, se você não tivesse só 1,64 m de altura e antes pesasse 54 Kg." (p. 17)

Ellie Heffner, sua melhor amiga, vive do outro lado da rua em uma comunidade hippie e estuda em casa. As duas passam as tardes juntas na comunidade, conversando sobre o nada e tentando imaginar o futuro. Ellie vive em um mundo próprio, isolado das modernidades e tem em Glory sua passagem para saída desse mundo tão pequeno. É uma garota que só consegue pensar no sexo oposto e não tem muita iniciativa. É mais de falar do que fazer e vive sob o jugo de sua mãe, Jasmine. Jasmine é o epítome de um líder de comunidade: carismática, manipuladora e sagaz. É capaz de controlar a vida de todos com um sorriso no rosto e ninguém percebe que está sendo manipulado.
Mas sobre o que ninguém fala, é sobre Darla O'Brien, sua mãe. Após seu suicídio, era como se Darla nunca tivesse existido e esse vazio cresceu em Glory. Seus dias foram passando e tudo o que ela conseguia pensar era em morte e em sua mãe. Além do mais, Glory herdou o talento da mãe em fotografia e anda pra lá e pra cá com sua máquina.
"Independentemente disso, ter uma mãe morta não é conveniente, especialmente quando ela morreu porque enfiou a cabeça no forno e abriu o gás. Isso não é nada conveniente." (p. 15)

Um dia Glory e Ellie estão jogando conversa fora e decidem fazer uma travessura. E após disso, a vida de Glory muda completamente. Cada vez que ela olha para alguém, consegue ver o passado e o futuro dessa pessoa e seus familiares. E com esse novo poder, ela descobre que no futuro teremos uma Segunda Guerra Civil, desencadeada pela exploração feminina e que terá resultados catastróficos.
Ao analisar esse futuro catastrófico, Glory saí da sua zona de conforto e começa a analisar também a sua própria vida e o impacto da morte de Darla. Revisando alguns álbuns antigos, Glory começará a identificar semelhanças e discrepâncias entre sua própria vida e a de sua mãe, mas também terá as respostas que passou a vida inteira procurando.
Glory é uma protagonista impressionante. Ela é forte, inteligente, sagaz e não faz a mínima ideia disso. É uma jovem que tem todos os motivos para ser alguém amarga e depressiva, mas o que faz é realmente lutar para se encontrar e encontrar o seu lugar no mundo.
A autora conseguiu com maestria explorar temas complexos como o suicídio e a tragédia que fica para os familiares; o auto-descobrimento; o abuso tanto emocional quanto físico (a autora surpreendeu ao ter como vítima alguém do sexo masculino); a sociedade como um todo, pois fala das desigualdades de oportunidades e da violência contra a mulher e tantos outros temas que estão inseridos nessa trama fluida, dinâmica e fantástica.
A escrita de A. S. King é impecável, pois consegue mesclar temas difíceis com um diálogo direto e divertido (com pitadas de sarcasmo).
O enredo é forte, impactante e reflexivo. É o tipo de obra que mesmo ao terminarmos a leitura, fica um bom tempo em nossas mentes e corações.
Em relação à revisão, diagramação e layout, a Editora Gutenberg realizou um trabalho impecável. Existem pequenos detalhes no final das páginas, pequenos morceguinhos, que ao folhearmos rapidamente o livro, nos dá a impressão de que estão voando! (Tem um vídeo curtinho desse detalhe no nosso Instagram).
"Será que ela também tinha aqueles ataques de pânico vertiginosos? Seria um sinal? E quanto a não querer fazer amigos? Sobre não confiar em pessoas em geral? Isso era normal? E quanto a se sentir perdida no mundo? Perdida em meu próprio futuro? O que dizer da minha curiosidade sobre o que ela havia feito a si mesma? Por que havia feito aquilo? Por que ela havia selado a porta da cozinha com toalhas molhadas para me poupar do gás?" (p. 23)
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6 comentários

  1. A historia me pareceu desafiadora de ler, acredito eu que a protagonista ainda tenha que lutar com unhas e dentes para conseguir provar para toda uma sociedade toda a verdade do futuro mais próximo, gostei da historia.
    Até mais!!!

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  2. Escrever ou falar sobre o suicídio,não é fácil... Tem que se ter cuidado para não romantizar esse assunto . E pelo que li na resenha,a autora conseguiu isso.
    Trata de assuntos polêmicos (bem reais), com o toques de fantasia.

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  3. Carolina!
    Adoro livro com protagonistas fortes e que vão em busca do que querem.
    E se o livro é tão impactante mesmo, claro que quero poder fazer a leitura que deve ser boa.
    “Preferi sempre a loucura das paixões à sabedoria da indiferença.” (Anatole France)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP COMENTARISTA ABRIL especial de aniversário, serão 6 ganhadores, não fique de fora!

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  4. Oi, Carol.
    Se eu tivesse lido só a sinopse, não sei se teria encarado esse livro não. Mas recentemente eu li o Todo Mundo Vê Formigas e me encantei com a escrita da autora. E como já tenho esse livro aqui, vou dar uma chance a ele em breve!
    Beijos
    Camis - blog Leitora Compulsiva

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  5. A capa é linda e a premissa bem interessante, adoro que envolva o empoderamento de alguma forma e a protagonista ser forte e ir em busca do que quer.

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  6. Oi, Carolina!!
    Adorei a resenha e a premissa do livro!! Gosto quando as protagonistas fortes, determinadas e verdadeiras batalhadoras!!
    Beijoss

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