Resenha A devolvida - Donatella Di Pietrantonio

Sinopse - Considerado um dos grandes romances da Itália, onde vendeu mais de 250 mil exemplares,com direitos negociados para mais de 25 países, e adaptações no teatro e no cinema, a autora Donatella Di Pietrantonio traz uma história sensível e emocionante. Aos 13 anos, uma garota é levada do lar abastado onde vive para uma casa estranha e com pessoas que dizem ser seus pais e irmãos. Na pequena cidade italiana todos conhecem sua história: ela é a criança que os pais naturais, pobres e de família numerosa, “deram” a um parente que não podia ter filhos e que este a devolveu quando a menina frequentava o ensino médio, não por maldade, mas porque a vida pode ser mais complexa do que imaginamos e nos força a fazer escolhas dolorosas. Ela era a devolvida. Sentia-se como uma estrangeira na nova casa e, desde então, a palavra “mãe” travara em sua garganta. Privada até de um adeus por aqueles que sempre acreditou serem seus pais, ela se vê incrédula ao enfrentar o sofrimento de ser abandonada novamente de forma repentina. “Minha vida anterior me distinguiu, me isolou na nova família. Quando voltei, falava outra língua e não sabia mais a quem pertencia”. Forçada a crescer para reintegrar-se ao seu núcleo original, ela vive uma sensação de subtração, de gente esvaziada de significado, e nos ensina em meio à dor como encontrar sentido quando tudo parece desmoronar.


"A Devolvida" é uma obra de grande sensibilidade que aborda uma ampla gama de temas e sentimentos, focando na essência do ser humano.
"Olhar para o nosso interior dá vertigem. É uma paisagem desoladora que a noite tira o sono e fabrica pesadelos no pouco que deixa." (p. 100)
A trama é narrada em primeira pessoa e se passa inicialmente em 1975, quando a protagonista, uma jovem de 13 anos de idade, cujo nome não é fornecido para o leitor, vê o seu mundo virado de ponta cabeça quando é retirada do único lar que conheceu por seu pai e descobre que tudo o que ela conhecia era uma grande mentira. A protagonista é subitamente destituída de sua identidade, do seu lar, de seus pais e sem nenhuma explicação por parte dos adultos, é levada para uma casa muito humilde em uma cidade do interior, onde a informam que aqueles são seus pais biológicos, que ela tem irmãos e irmã e que a vida dela será completamente diferente.

É muita informação em pouco tempo, muitas reviravoltas e a protagonista tenta compreender sua nova realidade. Porém, a sensação de abandono não vai embora. Além de não ter mais contato com seus pais de criação, sua família biológica não é muito amorosa. É um convívio áspero, onde a jovem é vista com descaso pelo irmãos mais velhos, pois é muito "chique" e como uma inútil pela mãe, já que não tem habilidades domésticas. Sua nova família é prática, preocupada em sobreviver dia após dia, fazendo com que todos os filhos trabalhem para colaborar com o sustento. O valor de cada um é medido de acordo com suas habilidades de trabalho e a atmosfera da casa não é de um lar, mas sim de um local onde abriga um grupo de estranhos dividindo um pequeno espaço.

A protagonista irá encontrar certo consolo em seu irmão bebê Giuseppe e sua irmã mais nova, Adriana, com quem acaba criando um laço mais forte, além de Vincenzo, um dos irmãos mais velhos que tem uma forma de pensar e agir diferente da de seus pais.
"Eu fiquei órfã de duas mães vivas. Uma me entregou quando eu ainda tinha seu leite na língua; a outra me devolveu quando eu tinha treze anos. Eu era filha de separações, de laços de parentesco falsos ou omitidos, de distância. Não sabia mais de quem eu provinha." (p. 106)
O livro tem uma trama muito íntima, introspectiva, que foca em uma protagonista lutando em encontrar a sua identidade e tentando compreender o seu papel no mundo. É impossível não se emocionar durante a leitura, pois a autora brilhantemente trabalhou os sentimentos da protagonista, tornando sua angústia palpável durante a leitura.

A Faro Editorial realizou um ótimo trabalho na revisão e diagramação e trouxe uma capa com uma proposta simples e ao mesmo tempo, impactante.
"Eu não conhecia a fome, e morava como uma estranha entre esfomeados. O privilégio que portava comigo da vida de antes me distinguia, isolava-me na família. Eu era a devolvida. Falava outra língua e não sabia mais a quem pertencia." (p. 94)

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* Livro recebido em parceria com a Editora

2 comentários

  1. Carol!
    Adoro livros que abordam essa temática familiar e queria poder ler para entender melhor o que aconteceu a protagonista, porque foi devolvida aos pais biológicos e como terminará toda história para ela.
    Adorei.
    cheirinhos
    Rudy

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    Respostas
    1. Oi Rudy, tudo bem com você?
      Esse livro é MARAVILHOSO! Fiquei realmente emocionada durante a leitura.
      Beijos

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